Esta “onda” dos mega-agrupamentos está a ser feita em cima do joelho e atabalhoadamente. Para ter a certeza disto, basta atender ao que se passa num certo agrupamento no concelho de Seia, onde o processo de eleição do director terminou há cerca de uma semana, sendo que ainda antes de tomar posse, o senhor será informado de que, afinal, é um “director fantasma”, pois que a instituição que o elegeu irá desaparecer do mapa dentro de um mês. Ora, se a DREC acompanhou o processo, ou, pelo menos, teve conhecimento, como se explica que tenha deixado a coisa andar? Obviamente, porque está tudo à deriva e tudo anda a ser feito em cima do joelho. Cómico! Tristemente cómico!
O que vai acontecer com as candidaturas ao POPH para financiamento de cursos (CEFs, EFAs, etc.)? E com o próprio financiamento em curso? Estamos a falar de instituições que deixam de existir como agrupamentos. Será que alguém pensou nisto?
E o crédito horário? Como será atribuído e gerido? Imagine-se, um professor com várias horas de redução do 79º, a deslocar-se a uma escola do mega-agrupamento, a 20 km de distância, para fazer horas de substituição ou dar apoios! Porque é que uns terão de fazer esses 20 km, e outros não? É muito dinheiro em gasolina no final do mês. Um agrupamento que tenha muito poucas horas somadas de redução do 79º, usufruindo de um crédito horário generoso, ao fundir-se num mega-agrupamento, conseguirá usufruir de horas para apoios, por exemplo?
Departamentos curriculares em mega-agrupamentos com 80 ou 100 pessoas, pode tornar-se anedótico. Ou caótico. O que se poupa em dinheiro, poupa-se igualmente em eficiência. Estruturas com largas dezenas de pessoas tornam-se ineficientes e inúteis. A verdade, é que, aqui, não interessa que as coisas funcionem. Aliás, neste país, cada vez mais, o que menos interessa é a eficiência e a produtividade.
Quanto se irá gastar ao reformular-se o estacionário de 1200 agrupamentos, para se converterem em 400 mega-agrupamentos? Não será um punhado de trocos, certamente.
Que eleições serão aquelas para o Conselho de Escolas, já a 15 de Julho? Será um órgão consultivo constituído por “membros fantasmas”? Por alturas de arranque do próximo ano lectivo, os directores de então, não serão, seguramente, os directores de hoje.
Uma das metas em cima da mesa, é um órgão de gestão único em cada concelho. Tudo em nome da redução das despesas do Estado. Por mim, fazia-se contas aos recursos humanos e físicos afectos às várias estruturas do Ministério da Educação (nacionais, regionais e zonais), e abatiam-se todos de uma só vez. Pesam muito mais na balança da inutilidade do que na da utilidade… e pesam muito, mas mesmo muito, na balança da despesa pública!
Por falar em incompetência (porque tudo isto resulta de muita incompetência concentrada), consta que a própria directora regional não saberá responder à esmagadora maioria das dúvidas colocadas pelos directores a quem dá a notícia da fusão. Dúvidas sobre a aplicabilidade prática da fusão em mega-agrupamentos. Consta (leia-se “ouvi dizer”) que tem aconselhado os senhores directores a aconselharem-se junto de quem já tem experiência prática nessa coisa de mega-agrupamentos, embora também conste que as experiências de mega-agrupamentos não correram nada bem. Ou seja, aproxima-se a bagunça.
Ainda que o Ministério da Educação, ou as próprias direcções regionais, atirem para os mega-agrupamentos os habituais pacotes de legislação (também ela produzida em cima do joelho) a estabelecer as regras práticas que assistem à nova realidade, há uma certeza que resulta da análise do passado: quem produz a legislação e quem inventa essas regras, são pessoas que, por norma, não sabem o que se passa na gestão de uma escola e que, por isso mesmo, vão simplesmente debitar uma enormidade de disparates.
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