Sexta-feira, 14 de Maio de 2010

A anedota da vaca

A propósito de um livro infantil de anedotas, da editora Civilização, onde, numa cena, o autor identifica uma professora com uma vaca, no sentido pejorativo, a imprensa anuncia: “Professores indignados com livro infantil que os compara a vacas”.

 

Já tinha visto a referência a este caso no blogue do Ramiro Marques e, posteriormente, no blogue do Paulo Guinote. Neste último, dei comigo a cruzar a opinião do Paulo com os comentários deixados na notícia do mesmo assunto no site do Diário de Notícias (www.dn.pt).

 

Pela parte que me toca, não fico nada incomodado que transformem uma professora numa vaca, ou o Papa num prato de caracóis ou o primeiro-ministro num monte de esterco, no âmbito de uma qualquer anedota ou cartoon.

 

Mas, na minha opinião, não foi isso que aconteceu!

 

A “transformação” deu-se num livro infantil. Que não é o mesmo que contar uma anedota, apesar de ser um livro de anedotas. A liberdade de expressão tem limites. Quando se ultrapassam esses limites, entramos no campo da anarquia e da loucura.

 

Num livro infantil, considero totalmente inadmissível que se “transforme” uma professora numa vaca, no sentido pejorativo. Tal como seria inadmissível “transformar” o Papa em algo pejorativo ou desrespeitoso. E, mesmo que eu considere que o actual primeiro-ministro poderia facilmente “transformar-se” num monte de esterco (tal é a conta em que o tenho e o prazer em ler anedotas pejorativas a seu respeito), seria igualmente inadmissível que essa “transformação” ocorresse nas páginas de um livro infantil.

 

Resumindo, chamar “vaca” a uma professora ou “monte de esterco” a um primeiro-ministro, não tem cabimento num livro para crianças, por mais que eu deteste professores e primeiros-ministros.

 

Sendo professor, posso dar-me ao luxo de trocar as anedotas mais brejeiras e pejorativas sobre o nosso primeiro-ministro, assim como colar-lhe os piores adjectivos, desde que o faça entre os meus colegas, de forma discreta. É a chamada “liberdade de expressão”. Mas, certamente, não posso, nem devo, fazê-lo em frente dos meus alunos, que são crianças e jovens a quem devo passar valores e atitudes. Seria inadmissível se o fizesse. Tal como aconteceu no livro.

 

Quem não percebe isto, desta forma, que perceba como bem entender. E que fique com essa forma de entender na sua consciência.

publicado por pedro-na-escola às 17:27
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