Vivemos num país onde há demasiadas coisas invertidas. Enoja-me este facto, mas é assim que andamos.
No caso do professor de música que se suicidou, é mais importante a fragilidade psicológica do professor do que a má formação pessoal dos alunos que tratam professores sem qualquer respeito.
No mesmo caso, é mais importante acautelar que aqueles “índios” não se sintam de forma alguma responsabilizados pelo que aconteceu (coitadinhos), do que condenar as suas atitudes ou evitar que se repitam.
A indisciplina na sala de aula, que é incompatível com qualquer sistema de ensino bem sucedido, é aceite no nosso país com a maior das benevolências, e até com algum carinho, perseguindo-se o professor que não é capaz de “lidar” com ela.
Toda a formação dada aos professores, no âmbito da indisciplina, aponta no sentido de conviver com ela, e não de a erradicar das nossas escolas.
Para o Ministério da Educação, é mais importante o aluno que não quer aprender, que não quer aceitar qualquer regra de boa convivência, que não se presta a atitudes de respeito seja por quem for, do que o aluno cumpridor, estudioso e dedicado.
Sai muito mais caro ao Estado um jovem que não quer fazer nada, nem aceita regra alguma, do que um potencial cientista. Sai mais caro, porque o Estado promove o direito a não querer fazer nada, a não aceitar regra alguma, nem a cumprir qualquer dever.
Nas turmas, todas as atenções e energias são canalizadas para os alunos que não querem saber da escola para nada, ignorando-se aqueles que são bons alunos e pretendem prosseguir estudos, contribuindo para a força intelectual e técnica da nação.
Numa sala de aula, o direito a aprendizagens de qualidade de que deviam gozar os alunos, é totalmente abafado pelo direito que qualquer um deles tem de inviabilizar todo o trabalho do professor.
Aliás, nesta sociedade patética, tem mais direitos e paparicos o bandido do que a vítima.
Em casa, os pais já não mandam nos filhos. Habituaram-nos, desde pequeninos, a não serem confrontados com o “não”.
Sobre a Educação (leia-se sistema de ensino), ausculta-se sempre quem não está no terreno: sociólogos, psicopedagogos, psicólogos, estudiosos, teóricos, gabinetes, etc.
Enfim, isto tudo dá-me vómitos, sinceramente.