Alguns comentários de Maria de Lurdes Rodrigues sobre os resultados escolares de 2008/2009, segundo a agência Lusa:
"O mais importante é a redução para metade do abandono e insucesso escolar. Os dados deste ano apontam para uma redução consolidada".
"Atingimos valores muito significativos, que têm como consequência o aumento do número de alunos naqueles anos em que o insucesso e o abandono eram mais sentidos, naqueles anos de escolaridade em que se vinha a perder alunos há mais de uma década".
"Atendendo a que, no passado, a taxa de insucesso no ensino básico foi da ordem dos 14/13 por cento e que no caso do ensino secundário foi da ordem dos 35/36 por cento, o que podemos considerar é que reduzimos para metade o insucesso e o abandono em todos os níveis de ensino e em todos os ciclos de escolaridade".
(…) "um conjunto de medidas que permitiram às escolas e aos professores dispor dos meios para combater as dificuldades de aprendizagem e o insucesso escolar".
"Atribuo a medidas como os planos de recuperação, os cursos de educação e formação, generalização de currículos alternativos, o maior tempo de trabalho dos professores com os alunos, mas também a estratégias que foram desenvolvidas pelas escolas de ir buscar os alunos ao abandono".
"Tivemos nestes dois últimos anos, mais de 60 mil alunos que estavam fora da escolaridade obrigatória e que as escolas acolheram e procuraram criar condições para que concluíssem o nono ano".
Relembrando as célebres palavras do meu saudoso professor de Electrotecnia: “isto é tudo uma farsa”!
Por partes:
1. O mais importante é, de facto, e só quem é ceguinho ou labrego é que não percebe isso, a estatística! Os números! É tudo uma questão de quantidade, não se avista qualquer sinal relativo à qualidade, mas, ainda assim, insistem na farsa da “mais alunos, melhor educação”, conforme o documento de apresentação dos resultados.
2. O combate às dificuldades de aprendizagem é um mito, digo eu. Não há um diagnóstico feito, de forma séria e credível, sobre os alunos que, de facto, têm dificuldades de aprendizagem. Um aluno que não quer aprender, nem à chapada, entra no bolo dos alunos com “dificuldades de aprendizagem”, na falta de outra explicação lógica permitida pelo Ministério da Educação. Ou seja, falta saber quantos alunos com insucesso escolar têm mesmo dificuldades de aprendizagem.
3. Na minha humilde opinião, há três factores que contribuem, decididamente, para os actuais resultados estatísticos do insucesso: os CEF (sim, senhora ministra), os PCA (sim, senhora ministra) e o efeito Milagre (que ocorre, todos os anos, sensivelmente a partir do 13 de Maio, dia de Nossa Senhora de Fátima). Não mais que estes. Porque os planos de recuperação não passam de resmas de papéis inúteis e porque o tempo de trabalho dos professores com os alunos continuou o mesmo.
4. Quanto ao abandono, já se sabe. Os CEFs abriram as portas das escolas a milhares de malandros que, assim, puderam regressar às comunidades escolares e passaram largos de meses de intensa diversão. Nos últimos dois anos, as ordens superiores, descaradas, para que se ignorassem, de forma generalizada, as faltas dos alunos, incluindo os dos CEFs, lá deram o seu contributo para melhorar as estatísticas.
5. E, para ser claro, as escolas vão buscar os malandros ao abandono porque há uma lei patética que exige uma idade mínima para ingressar num CEF, sendo, pois, necessário recrutar alunos já fora do sistema para que as turmas possam abrir.