A propósito do novo concurso para a categoria de professor titular e da prova pública necessária, dá vontade de bater em alguém.
Há dois aspectos, nesta nova palhaçada, que, a meu ver, são de realçar:
1 – Igualdade de oportunidades
Quando as coisas são mal feitas, está o caminho aberto para as injustiças. Neste caso, os primeiros a aceder à categoria de professor titular apenas tiveram que somar uns quantos pontos, num processo administrativo assegurado pelas secretarias.
Os próximos, terão que ser sujeitos a uma prova pública só para se poderem candidatar! Esta disparidade, não faz sentido nenhum.
Para as coisas serem feitas com o mínimo de lógica, era preciso que os primeiros a aceder à categoria tivessem passado pelo mesmo que os próximos vão passar. Assim, teremos nas escolas dois tipos de professores titulares: os primeiros, sortudos, e os outros, que prestaram prova. Mas, convenhamos que, nesta onda reformista da Educação, pouco há que seja feito com alguma lógica...
2 – Objectivo da prova pública
No Decreto-Lei n.º 104/2008, que legisla sobre a prova pública e o concurso, pode ler-se assim: “(…) podem requerer a realização da prova pública, que se destina a demonstrar a sua aptidão para o exercício específico das funções de professor titular, concretizando -se na apresentação de um trabalho pelo candidato e respectiva discussão, sobre a experiência do quotidiano escolar vivida no exercício efectivo de funções docentes.”
E quais são as funções de professor titular? No mesmo documento, algumas linhas antes, vem tudo explicado: “A categoria de professor titular consubstancia-se portanto no desempenho de funções no âmbito da coordenação, supervisão pedagógica e avaliação do desempenho dos restantes professores (…)”
Assim, divagar por escrito “sobre a experiência do quotidiano escolar vivida no exercício efectivo de funções docentes” e, de seguida, discutir sobre essa divagação com um júri, permite demonstrar a aptidão para desempenhar funções de coordenação, supervisão pedagógica e avaliação do desempenho dos outros professores.
Vejamos: eu faço um trabalho escrito sobre a minha experiência como professor de Matemática, discuto-o com um júri, e este consegue decidir sobre a minha aptidão para coordenar, supervisionar e avaliar outros professores? Esta gente, que inventa e escreve estas coisas, tem problemas intelectuais… só pode!