- “A noção de eduquês foi inventada com algum acinte por teóricos da ofensiva liberal contra o ensino". Palavras de Louçã, segundo se consta.
Ah!, foi inventada? É capaz... Parece que “eduquês” não tem lugar no dicionário de língua portuguesa, por isso, só pode ser algo inventado.
Mas, antes de alguém inventar o termo e o conceito - porque onde há fumo, há fogo -, outrem desatou numa desenfreada produção de teorias sobre os jovens, teorias sobre a função dos professores, teorias sobre o papel da escola, teorias sobre as teorias e, à custa disso, de muitos livros, muitas teses, muitas palestras e muitos artigos. Sobre uma coisa aparentemente tão simples: ensinar numa escola.
É, mais ou menos, como pegar num par de cuecas velhas e sobre tal escrever quatro teses de doutoramento , publicar uma vintena de livros e calcorrear o país dando palestras sobre o assunto. Assim nasceria o “cuequês”...
Aquilo a que os professores (que estão no terreno, entenda-se) chamam “eduquês", é um conjunto de ideias sobre aquilo que a escola e os professores poderiam fazer, para colmatar o que a sociedade não conseguiu fazer. A preocupação das cabeças pensantes do “eduquês" é a substituição quase completa do papel da escola. O “ensino” deu lugar à “educação”. O “conhecimento” deu lugar às “competências”. O "estudante" deu lugar ao "aluno". O receio da visibilidade pública do falhanço das ideias do “eduquês" dá lugar a mais ideias. Enfim. São disparates atrás de disparates. As escolas e os professores, reféns, limitam-se a colocar na prática as ideias. Estas, não são avaliadas publicamente, mas vão aparecendo sempre outras mais recentes, que ora complicam as vigentes, ora as revogam. Andamos nisto há décadas!
Mas é bom ouvir Louçã dizer que “Não podemos pedir à escola que faça tudo o que a sociedade não consegue fazer.” Pena é que seja apenas uma frase…