Uma guerra que está a ser ganha nas escolas
Neste momento, com os dados dispersos e os comentários cruzados disponíveis, é já possível afirmar que a avaliação do desempenho dos professores está a implantar-se nas escolas.
Chegados ao momento de dar início à avaliação, versão simplex, uma maioria de docentes decidiu apresentar objectivos. Há uma minoria que resiste a fazê-lo, mas as comissões executivas - ainda que solidárias com eles - vão colmatar esse último sinal de resistência, evitando sanções e fins de contrato, que eventualmente poderiam recair sobre eles. No fim do ano lectivo, restará a esses professores resistentes elaborar a sua auto-avaliação deste ano lectivo.
Vitória de Maria de Lurdes Rodrigues? Talvez o seja, a começar no plano político. Mas a maior vitória está a ocorrer em cada dia que passa nas 11 700 escolas. Os sinais de desanuviamento, de redução da crispação entre colegas avaliadores e avaliados, são já visíveis. Isto é: se, em Abril de 2008, o acordo com a Plataforma Sindical - hoje sabemo-lo! - se limitou a adiar um confronto inevitável, em Janeiro de 2009 as tréguas desta guerra estão a ser firmadas pelos e entre os docentes de cada escola de Portugal.
A experiência deste processo ditará o aperfeiçoamento do modelo. Assim saiba a ministra da Educação ter a humildade de levar a sério o acervo que lhe venha a ser apresentado no fim deste ano lectivo.
Irra! Um editorial notoriamente orientado. Lá vai o tempo em que havia órgãos de comunicação livres…
Comentários:
> “a avaliação do desempenho dos professores está a implantar-se” – Isso é que era bom! O facto de os professores entregarem os objectivos, a medo, com receio de implicações graves nas suas carreiras ou na renovação dos contratos, não é sinónimo de implantação…
> “os sinais de desanuviamento, de redução da crispação entre colegas avaliadores e avaliados, são já visíveis” - Isso é em que escola? Na minha, não é, de certeza. E a crispação não é apenas entre avaliadores e avaliados… é, também, entre avaliadores e avaliadores, e entre avaliados e avaliados…
> “a experiência deste processo ditará o aperfeiçoamento do modelo” – A isto não se pode chamar uma experiência. É como experimentar um fato feito para alguém com metade do nosso tamanho, rebentando-o pelas costuras, e sair satisfeito e bradando aos quatro ventos que está mesmo à medida, faltando eventualmente um ou dois aperfeiçoamentos de pequena monta. Além do mais, esta pseudo-experimentação apenas servirá para dar o modelo-faz-de-conta por concluído, dado o elevado grau de contentamento dos professores, visível através da entrega dos objectivos individuais.