Não quero ser mal pensante, mas não me sai da cabeça a ideia de que não foram poucas as pessoas que esfregaram as mãos de contentamento quando viram aquele triste vídeo de uma aluna do Porto a lutar com uma professora pela posse de um telemóvel, em plena sala de aula.
Não quero ser mal dizente, mas não me sai da cabeça a ideia de que a ministra e a sua equipa foram dos que mais esfregaram as mãos de contentamento. Depois deste trio, vejo todos aqueles comentadores que acham que todo o mal do mundo está nos professores, na falta de outro bode expiatório mais a jeito.
Vejo aquelas pessoas com má formação pessoal, que se divertem a ver qualquer ícone de autoridade ser confrontado e humilhado, com o pensamento minorca de quem julga que se trata apenas de uma cena envolvendo meia dúzia de protagonistas, incapazes de ver mais além, de ver como é a própria sociedade que está a ser confrontada e humilhada.
Quem esfrega as mãos, é um fervoroso adepto do célebre sistema social pomposamente denominado anarquia-para-todos-menos-eu-que-sou-quem-depois-quer-mandar-aqui. E o país está cheio destes adeptos, disfarçados de comentadores.
Sinto-lhes as mãos quentes de tanto esfregar. A baba a escorrer pelo canto da boca. A teoria da culpabilidade da professora, na ponta da língua. A desculpabilização da grotesca aluna, como tese de um mestrado em defesa dos coitadinhos e das vítimas da sociedade, que não têm culpa de nada.