Era uma vez um país em que havia uma empresa de venda de livros. Os vendedores andavam de porta em porta, procurando fazer clientes. De vez em quando, com mais frequência do que o desejado, os vendedores eram insultados, mal tratados e, até, agredidos por potenciais clientes. O patrão da empresa, indignava-se com os repetidos ataques aos seus vendedores. Afinal, estavam todos no mesmo barco, e era óbvio que vendedores de pé atrás não fariam muitas vendas, até porque se sentiriam desmotivados. O patrão sabia disso e procurava solucionar os problemas. Não era só a produtividade dos seus vendedores que estava em causa, mas, também, o bom nome da sua empresa. O patrão batia-se pelos seus vendedores, dando a cara por eles e defendendo-os publicamente.
Era uma vez um país em que havia um exército comandado por um general. Entre as várias missões, os soldados tinham que prestar auxílio à população, em casos de incêndios, de cheias, de falta de abastecimentos, etc. Apesar da nobreza da missão, os soldados eram frequentemente insultados, mal tratados e, até, agredidos por cidadãos a quem tentavam ajudar. Não podiam ripostar, pois tratava-se de civis. O general, obviamente, mostrava-se altamente indignado com a situação. Era missão do seu exercido que acabava comprometida. Eram os seus homens que, no terreno, eram sujeitos aos ataques de alguns cidadãos. Era o seu exército que estava em causa e o qual ele comandava. O general fazia saber, a toda a população, a sua indignação e a sua revolta, dando a cara pelos seus homens, defendendo-os, indo para o terreno.
Era uma vez um país em que havia uma instituição com um director. O prestígio e a produtividade da instituição eram afectados pelas situações em que os seus agentes eram insultados, mal tratados e, até, agredidos pelas pessoas a quem prestavam o serviço. O mesmo carinho que o director tinha pela instituição, tinha com para com os seus funcionários, e não havia situação em que ele não interviesse para defender os seus funcionários e a sua instituição, não se poupando a manifestações públicas de indignação e exigindo sempre a penalização dos que protagonizassem esses ataques.
Era uma vez um país em que havia uma equipa de futebol, com um presidente e um treinador. Blá blá blá…
Era uma vez um país em que havia isto e aquilo. Blá blá blá…
E, claro, era uma vez um país chamado Portugal, onde existe um ministério liderado por uma ministra e dois secretários. Os funcionários desse ministério, que exercem uma das funções mais nobres da sociedade, são frequentemente insultados, mal tratados e, até, agredidos pelos destinatários dessa nobre função. Ao contrário dos outros países, aqui a ministra e os seus secretários não saem em defesa dos seus funcionários. Aqui, a ministra e os seus secretários nem sequer se mostram indignados com qualquer situação em que os seus funcionários sejam agredidos de alguma forma. A ministra e os seus secretários fazem de conta que não é nada com eles. Mesmo que não queiram, o facto é que é o seu ministério que sai afectado, na sua imagem e credibilidade, quando algum funcionário é atacado. Aliás, a impressão que dá, é que os funcionários deste ministério não têm um patrão, sequer. Porque, normalmente, qualquer patrão que se preze defenderá os seus funcionários, se estes forem atacados no cumprimento das suas funções, ainda por cima dentro das instalações que são pertença do próprio ministério.