(chegado por e-mail)
“Como muitos de vós sabem, este ano lectivo sou formador do PNEP – Programa Nacional do Ensino do Português – um programa da DGIDC que está directamente dependente do Gabinete da Ministra da Educação.
Para os dias 7 e 8 de Março estava marcada, já desde o mês de Setembro, uma acção de formação de âmbito nacional, a decorrer na Curia, e que envolvia todos os formadores do país. Sabendo que ia estar entre professores, procurei encontrar uma forma de, mesmo longe, poder manifestar a minha Indignação.
No dia 8 de manhã, quando saímos de um dos módulos da formação, para minha surpresa (minha e dos 120 professores presentes), apareceu a ministra.
Pelo menos metade dos professores presentes prescindiu do café e recusou-se a entrar na sala onde ela estava. Um quarto de hora depois, o grupo dividiu-se por 4 salas e retomou a ordem de trabalhos. A qual foi interrompida pela visita da ministra, que visitou cada uma das salas e dirigiu algumas palavras aos professores.
Por mim, esperei que ela acabasse de falar e levantei-me de seguida, despindo a camisola que trazia e deixando à mostra a t-shirt que tinha por baixo (e que tencionava exibir apenas no período da tarde). Podem vê-la na foto que vai em anexo.
E foi assim que, mesmo não participando na Marcha da Indignação, muito provavelmente, fui o único professor do país que, no dia 8 de Março, conseguiu demonstrar a seu descontentamento frente a frente com a Ministra da Educação, tornando-me o manifestante n.º 80.001 (ou 100.001, segundo algumas opiniões).”
Chegado à escola, o relato de uma colega que também esteve na mesma acção de Formação. A ministra apareceu no bar, talvez para apanhar a pausa nos trabalhos. A notícia desagradou à maioria, que não puseram lá os pés. Alguns comentavam que se ela ficasse para o almoço, então iam almoçar fora. A ministra foi às salas dar umas palavrinhas aos professores. Estes, continuavam a olhar para baixo, para os papéis na mesa. Outros, mais assanhados, viraram-se de costas para a senhora. Não é boa educação, confesso, mas antes isso que mandar umas bocas em voz alta. A ministra despediu-se desejando bom trabalho, mas apenas os professores das Escolas Superiores de Educação (os formadores, portanto) responderam. No final, parece que os 120 bateram palmas ao colega da tshirt. Bofetada de luva branca, foi o sentimento.