Parece que a ministra andou a gabar-se, num jantar político, de que tinha sido ela e a sua equipa os primeiros a conseguirem “meter os professores na ordem”. Porque fizeram isto e fizeram aquilo e etc. Pasmo-me! Meter os professores na ordem? Oh, senhora ministra, esse seu mundo fica mesmo longe, não fica? O seu mundo não é, nem de longe, nem de perto, o mundo das escolas portuguesas. Os professores sempre estiveram na ordem. Sempre cumpriram com os mandos e desmandos do Ministério da Educação, a reboque dos caprichos das iluminadas equipas ministeriais que por lá abancaram. A senhora ministra, na prática, apenas cortou despesas. Não meteu ninguém na ordem, porque nunca houve ninguém desordenado abaixo das estruturas regionais. Os professores sempre foram obedientes, as escolas sempre foram obedientes, os conselhos executivos sempre foram obedientes. Apesar de verem, escandalizados, década após década, o afundamento da escola portuguesa no pântano da falta de qualidade, mercê das ideias brilhantes das equipas ministeriais que se sucedem umas às outras. O que a senhora ministra conseguiu, isso sim, foi cortar nas despesas. Inventar aquela idiotice da categoria de professor titular, ou o novo modelo de avaliação, apenas servem a contenção cega de despesas. Como comentou a Ministra da Educação da Irlanda, Portugal investiu em estradas e a Irlanda investiu na Educação. Eu acrescento: quanto toca a desinvestir, Portugal começa por desinvestir naquilo em que não investiu… a Educação. Lindo serviço! O que este país precisava, é que o povo metesse a ministra na ordem. O país irá, daqui a poucos anos, pagar bem caro estas medidas, estas aventuras, este desgoverno, e a gabarolice da ministra. Paga o país, porque, como costume, a culpa morre de solidão.