Quarta-feira, 23 de Setembro de 2009

Estória mal contada II

 

HÁ 1000 NOVOS BONS ALUNOS EM PORTUGAL
 
Os resultados do projecto da Associação EPIS – Empresários Pela Inclusão Social denominado “Mediadores para o sucesso escolar”, que terminou o segundo ano de trabalho no terreno e o primeiro completo de «capacitação para o sucesso escolar», confirmam a aposta feita há cerca de 2 anos:
 
Em 2007/2008, diagnosticámos com um inovador «sistema de screening de risco» todos os alunos dos 7.º e 8.º anos de escolaridade em 10 concelhos parceiros, tendo sido analisados 20.000 jovens.
 
Com base nesse «screening», seleccionámos 6.000 jovens, cujos factores de risco escolar apontavam para a necessidade de um apoio de proximidade sistemático e estruturado, que iniciámos ainda em 2007/2008.
 
Ao longo de 2008/2009, as notas destes 6.000 alunos melhoraram sempre em todos os períodos face ao ano lectivo anterior:
 
- No 1.º Período, o número de alunos em «zona de aprovação» (ZA = 2 ou menos negativas) aumentou de 19% para 36%, uma variação de +87%.
- No 2.º Período, o número de alunos na «ZA» aumentou de 31% para 39%, uma variação de +25%.
- No 3.º Período, o número de alunos na «ZA» aumentou de 56% para 71%, uma variação de +27%.
 
O trabalho dos mediadores da EPIS ao longo dos três períodos de 2008/2009 determinou um aumento da taxa de aprovação dos alunos EPIS em 14 pontos percentuais, passando-se de 63% em 2007/2008 para 77% no ano que terminou.
 
Este resultado positivo absoluto de 14 pontos percentuais na carteira EPIS compara com uma redução do sucesso escolar em 2 pontos percentuais no restante grupo de alunos destes concelhos que não acompanhamos em proximidade, mas que monitorizamos em termos de resultados escolares.
 
Deste modo, encaramos com enorme confiança o próximo ano lectivo de 2009/2010, na expectativa de que a curva de aprendizagem nos permita superar os resultados atingidos este ano e aumentar a base de cobertura da EPIS a nível nacional, em parceria com o Ministério da Educação e com as Autarquias.
 
www.epis.pt
 
Um aumento percentual dos resultados do 1º período, de um ano para o outro, já me parece algo mais substancial e muito positivo.
 
Resta saber, já que não reparei nessa informação, de que tipo de alunos estamos a falar. Currículo regular, currículos alternativos ou cursos de educação e formação? Houve alunos a mudar do currículo regular para um dos outros?
 
Que raio de título é aquele? Há 1000 novos bons alunos? Não percebi a parte dos “bons alunos” na informação estatística fornecida. Parece mais um título altamente conveniente do que um título para o resto da informação.
 
Já agora, é este o remédio para a Educação em Portugal? Vai abrir um concurso nacional para colocar mediadores em todas as escolas? O que é que aqueles 70 mediadores descobriram ao lidar com 6000 casos de eminente insucesso? Quais foram os “factores de risco” detectados?
 
O Estado Português parece concordar que a solução para combater os “factores de risco escolar” é remediá-los com mediadores, em vez de ir à raiz desses “factores” e fazer uma intervenção social consequente?
 
Se Maria de Lurdes Rodrigues defendia tanto que a má prestação dos professores é que estava na origem do insucesso escolar no nosso país, escapa-se-me porque não aproveitaram antes os mediadores para intervirem junto dos professores, de chibata em riste e sobretudo negro?

 

publicado por pedro-na-escola às 22:40
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Estória mal contada I

 

Clinton Global Initiative
Projecto português de combate ao insucesso escolar apresentado em Nova Iorque
23.09.2009 - 07h43 Lusa
O projecto português “Mediadores para o Sucesso Escolar”, que permitiu aumentar em 14 pontos percentuais o sucesso escolar de alunos do ensino básico, é hoje apresentado como um “case-study” na conferência Clinton Global Initiative, em Nova Iorque.
 
A iniciativa, da Associação EPIS - Empresários Pela Inclusão Social, analisou no ano lectivo 2007/2008 cerca de 20 mil alunos dos 7º e 8º anos de escolaridade de 88 escolas de dez concelhos parceiros, seleccionando depois cerca de seis mil em risco de reprovação, que foram apoiados por uma equipa de 70 mediadores.
 
“No primeiro período do ano lectivo 2007/08, mais de 80 por cento destes alunos tinham três ou mais negativas, portanto em situação de reprovação. Ano e meio depois, a taxa de sucesso escolar deste grupo de seis mil estudantes passou de 63 por cento para 77 por cento”, resumiu o director-geral da EPIS.
 
Segundo Diogo Simões Pereira, os mediadores trabalham fundamentalmente na escola, realizando com os alunos sessões de 30 ou 60 minutos, durante os intervalos e antes e depois das actividades lectivas. “Os primeiros temas a abordar nas sessões prendem-se com o estabelecer de uma relação de confiança. Abordam-se os problemas, as ansiedades, os comportamentos em relação à vida. Nestas idades, os alunos têm normalmente muitas questões existenciais, dificuldades na gestão das críticas. É uma dimensão bastante comportamental”, explicou o responsável.
 
Por outro lado, acrescentou, em parceria com as famílias, os mediadores ajudam na criação de rotinas de organização do tempo dos alunos: de higiene, de descanso, de estudo, de pausa, por exemplo, mas sempre a focar o desempenho escolar.
 
Outro tema trabalhado é o da metodologia de estudo. Os mediadores ajudam na selecção das matérias, na preparação para os testes e na gestão das ansiedades antes e depois das provas. “É um trabalho muito grande de enquadramento, em ligação directa com a escola, directores de turma e família, quando necessário. Trata-se fundamentalmente de uma metodologia de ajuda e de capacitação. Depois verificamos se há mudança de atitude e se essa mudança se reflecte nas notas do aluno”, resumiu o director-geral da associação.
 
Depois da “qualidade” dos resultados alcançados ao fim de um ano e meio, a EPIS já abordou novos concelhos para o alargamento do projecto, em parceria com as autarquias e Ministério da Educação: “O desafio fundamental é massificar este tipo de metodologias e aplicá-las num projecto-piloto maior”. “Se funciona com seis mil alunos pode funcionar com muitos mais”, afirmou.
 
Este projecto será divulgado hoje durante a V edição da Clinton Global Initiative, uma conferência que decorre em Nova Iorque de 22 a 25 de Setembro.
 
Chamar a isto uma estória mal contada, não é má vontade. A sério.
 
Sem projecto algum, apenas porque é assim que acontece nas escolas portuguesas (da realidade que eu conheço) o salto percentual do sucesso do 1º período para o 3º período costuma ser bem mais que 14%! Ou estarei a fazer mal as contas?...
publicado por pedro-na-escola às 21:20
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Domingo, 30 de Agosto de 2009

Objectivos mínimos

 

Ainda a propósito do programa eleitoral do PSD para a Educação, saquei esta prioridade:
 
“Privilegiaremos, em relação ao (in)sucesso estatístico, a definição e verificação, preferencialmente por entidades exteriores à escola, de objectivos mínimos para o respectivo ano ou ciclo de estudos, com o objectivo de estimular a aprendizagem e apontar exemplos de sucesso.”
 
Digo eu, que sou escutado pelo Estado, sobre assuntos relativos à Educação, como se a minha profissão fosse barbeiro, que isso dos objectivos mínimos é mais do mesmo, na patética onda dos números.
 
Para combater, mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, o insucesso estatístico, o que o Estado tem de fazer – e este é o único caminho racional, a meu ver – é acabar com alguns direitos! A saber:
 
- Acabar com o direito dos alunos a não quererem aprender!
 
- Acabar com o direito dos alunos a prejudicarem as aprendizagens dos colegas, bastas vezes com reflexos negativos para o resto do percurso escolar destes.
 
- Acabar com o direito das famílias a que os seus rebentos “andem” simplesmente na escola, sem qualquer outro dever.
 
publicado por pedro-na-escola às 23:35
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