Sábado, 30 de Julho de 2011

E a Terra é plana…

Alinhar com a ideia das quotas na ADD é uma atitude tão troglodita como afirmar que a Terra é plana. O assunto já é velho, mas a insistência por parte do novo ministro traz-me novamente náuseas.

 

Confunde-se quotas na avaliação com quotas na progressão. As primeiras, são um disparate completo sem remédio. As segundas, são uma mera opção política.

 

Porque não mexem nas notas de acesso dos alunos às universidades? Nem todos podem entrar para Medicina, obviamente, mas ninguém lhes mexe nas notas!

 

Entretanto, continuam a saber-se resultados da ADD, com professores medianos a receberem “Excelente”, professores dedicadíssimos a receberem “Bom”. Mais grave, professores incompetentes, que deveriam ser afastados do sistema, continuam a avaliar os demais e, para cúmulo, chegam a receber menções de “Muito Bom”.

 

O circo veio para ficar e só há números de humor negro…

publicado por pedro-na-escola às 17:35
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Quinta-feira, 30 de Junho de 2011

A propósito das paranóias do momento…

A propósito das paranóias da moda relacionadas com os professores, nomeadamente a prova de ingresso na carreira, a avaliação de desempenho, a formação inicial de professores, a selecção dos candidatos a professores, e outras coisas mais que tais (curiosamente, pode facilmente constituir-se lobbies em torno destes temas, sendo agora um momento oportuno para se manifestarem – “tachos” podem cair subitamente dos céus), há dois cenários que eu desejaria poder concretizar-se, só pela curiosidade de apurar os resultados:

 

Cenário A: transladar os alunos da minha escola para uma escola da Finlândia, com o corpo docente finlandês e as regras do sistema educativo finlandês, considerando que, hipoteticamente, não haveria problemas linguísticos.

 

Ou

 

Cenário B: substituir, na minha escola, todo o corpo docente por professores finlandeses, mantendo as regras do sistema educativo português, no mesmo pressuposto hipotético de não existência de problemas linguísticos.

 

Só mesmo por curiosidade. Em vez da Finlândia, pode ser outro país qualquer, bem contado no ranking mundial em termos de Educação, pois não sou propriamente esquisito quando à geografia.

 

É que, a avaliar pelo discurso do momento, o problema com a Educação nas escolas públicas portuguesas, é mesmo os professores. Ou porque não são avaliados, ou porque não foram bem escolhidos, ou porque amanhã vai chover. Este tipo de discurso, dá jeito a muita gente!

publicado por pedro-na-escola às 22:37
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Terça-feira, 4 de Maio de 2010

Pois, realmente, não foi um simulacro

Segundo a ministra da Educação, ouvida pela Comissão Parlamentar da Educação, Ciência e Cultura, foram avaliados 103.628 professores e destes 2957 foram classificados com "Excelente" e 14.448 com "Muito Bom". "Seria manifestamente injusto que os Excelente e Muito Bom neste momento vissem não ser considerada a avaliação do seu desempenho", afirma Isabel Alçada. "A avaliação não é um simulacro que não serve para nada", justifica.

in www.publico.pt (4 Maio 2010)

 

Se eu fosse concorrer, nesta altura do campeonato, também não me faltariam razões para me queixar. Fui pretensamente avaliado no meu desempenho, segundo a aberração da Portaria nº 1317/2009 (regime de avaliação dos membros de órgãos de gestão), mas, na prática, e tal como explicita descaradamente a portaria, apenas foi feita uma ponderação do meu currículo!

 

Quanto ao presente concurso, tenho que concordar com Isabel Alçada: a avaliação não foi, realmente, um simulacro. Foi, com toda a certeza, uma palhaçada sem nexo. E, de facto, serviu para alguma coisinha, pois tinha o objectivo claro de alimentar algumas bocas: a boca das finanças, a boca da teimosia e a boca alarve dos teóricos-da-treta que criaram e apoiaram o modelo-faz-de-conta de avaliação do desempenho docente.

 

Nunca é demais repetir que o modelo-faz-de-conta padeceu de um “mal” basilar que, do meu ponto de vista, o descredibiliza do princípio ao fim. Este “mal”, ignorado pelos iluminados como se fosse insignificante, é a ausência total de algo que desse alguma credibilidade aos avaliadores. Ou seja, o Ministério da Educação não cuidou de seleccionar, cuidadosamente, quem iria desempenhar as funções de avaliador. Caricatamente, o Ministério da Educação conseguiu a extraordinária proeza de promover a avaliadores alguns dos maus professores que deveriam ser afastados do sistema de ensino! De onde se deduz, sem pensar muito, que as avaliações daí resultantes valem menos que uma carica ferrugenta!

 

No caso da minha escola, apenas uma professora requereu aulas assistidas. Veio um colega de outra escola, do mesmo grupo de recrutamento, que ninguém cuidou de verificar se era um bom profissional, e pimba! Só um louco é que pode pensar que isto foi um processo credível e sério!

 

Junte-se, a isto, as dezenas de milhar de professores que não requereram aulas assistidas e que, por conseguinte, foram avaliados assim como que administrativamente, embora o Ministério da Educação insista em passar a mensagem de que alguém lhes avaliou o desempenho. E junte-se os que tiveram mais do que 7,9 valores, mas que tiveram o azar de estar na escola errada, porque se estivessem na escola ao lado, poderiam ter Muito Bom, em vez do simples Bom com que foram brindados. Uma diferença pontuável, que depende da sorte, em vez de depender do desempenho! E que pode fazer a diferença entre ter ou não emprego no próximo ano, ou, mesmo tendo, pode fazer a diferença entre 20 ou 400 km, com implicações brutais ao nível do orçamento familiar.

 

A noção de “injustiça” da senhora ministra, como se percebe, é, no mínimo, maquiavélica... 

 

publicado por pedro-na-escola às 23:19
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Domingo, 21 de Março de 2010

Avaliação e “carreira”

Embora se saiba, nunca é demais relembrar que a questão da avaliação de desempenho surgiu com o superior objectivo de reduzir despesas com os salários dos professores.

 
Montou-se um esquema, o qual, apesar de ligeiras maquilhagens, o governo não quer abandonar, em que se intromete o resultado da avaliação de desempenho na progressão salarial. Tem lógica? Aparentemente sim, mas…
 
Imagine-se um professor que chega ao 6º escalão e acha que já não está para se chatear mais com a causa mestra da profissão: ensinar. Cumpre o seu horário, mal e porcamente, balda-se para tudo o que vá além do estritamente obrigatório, não se entrega aos alunos, abandalha as aulas (excepto as que tiverem de ser assistidas), borrifa-se discretamente para os alunos, etc. Este professor, conseguiu chegar ao 6º escalão, mas, pensando seriamente, porque é que ele ganha tão acima de um seu colega contratado, que é um excelente profissional, quando ele se transformou num baldas? Onde é que está a lógica disto tudo?
publicado por pedro-na-escola às 11:41
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Quinta-feira, 5 de Novembro de 2009

Por falar em “irresponsabilidade”

Parece que o senhor primeiro-ministro considera uma “irresponsabilidade” suspender o seu modelo-faz-de-conta de avaliação dos professores. Parece que o senhor primeiro-ministro não saberia explicar aos professores que tiveram muito bom e excelente que isso ia “tudo à vida”.
 
Por falar em “irresponsabilidade”...
 
- Irresponsabilidade, é fazer crer ao país que se dividiu uma classe em duas, argumentando a intenção de criar uma elite dentro das escolas, quando, na prática, a promoção dos professores à suposta “elite” foi feita apenas com base em critérios administrativos.
 
- Irresponsabilidade, é promover professores à suposta “elite” das escolas, transformando-os em avaliadores, arrastando, neste processo, vários maus profissionais que deveriam ser afastados do sistema de ensino.
 
- Irresponsabilidade, é fazer crer ao país que há dezenas de milhar de professores já avaliados, muitos deles com Muito Bom e Excelente, quando essa avaliação não tem nada de seriedade, assim como as classificações obtidas não traduzem qualquer destaque no desempenho ou no mérito de cada um.
 
- Irresponsabilidade, é permitir (e elogiar) um sistema de avaliação que classifica professores perfeitamente regulares e medianos com uma pomposa menção de “Excelente”, só porque tiveram sorte na escola em que foram colocados e cumpriram com uma meia dúzia de regras patéticas que em nada revelam mérito no desempenho.
 
- Irresponsabilidade, é ordenar a avaliação de um misterioso “desempenho” de membros de conselhos executivos, com base em critérios curriculares e administrativos que os visados desconheciam e que em nada revelam o verdadeiro desempenho de membros de órgãos de gestão de uma instituição de serviço público.
 
- Irresponsabilidade, é classificar um Director com a menção de Regular, só porque lhe faltou um Mestrado e não implementou um CEF na sua escola, sem que ele alguma vez soubesse que qualquer um daqueles aspectos teria influência na sua avaliação.
 
- Irresponsabilidade, é oferecer computadores portáteis a crianças e jovens, com acesso livre ao mundo da pornografia, anunciando esta medida como um supostamente importante passo para o desenvolvendo do país, quando, na verdade, apenas se distribuiu brinquedos novos a troco de nada, contribuindo, obviamente, para que estas crianças e jovens tenham um motivo ainda maior para dedicarem menos tempo ao estudo em casa.
 
- Irresponsabilidade, é oferecer diplomas do 12º ano a troco de um grau de exigência abaixo de um 5º ano de escolaridade.
 
- Irresponsabilidade, é conseguir enraizar, nas crianças do 1º ciclo e respectivas famílias, que a aprendizagem do Inglês é uma brincadeira.
 
- Irresponsabilidade, é alargar o número de anos da escolaridade obrigatória, quando uma tão grande fatia da população jovem do país, assim como as respectivas famílias, não reconhece à Escola o papel nobre que esta tem para o futuro de um país. Não bastando o não reconhecimento, despreza por completo esse papel.
 
- Irresponsabilidade, é não ter uma única exigência de cumprimento de deveres, nem um único apuro de responsabilidades, para com os alunos (e respectivas famílias) que se acham no direito de não aprender e de poder prejudicar as aprendizagens dos outros, e com quem o Estado esbanja anualmente milhares de euros.
publicado por pedro-na-escola às 23:21
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Quinta-feira, 22 de Outubro de 2009

Somos todos bons

Agora que saiu o modelo-faz-de-conta para avaliar o desempenho dos membros dos órgãos de gestão, metemos “mãos à obra” e fizemos a pontuação da nossa anterior equipa do Conselho Executivo: um presidente e três vice-presidentes.
 
Deu “Bom” para todos, com umas diferenças centesimais muito interessantes. E porque é que deu pontuações diferentes entre os quatro? Terá sido por um desempenho diferente? Claro que não. Valter Lemos, ou qualquer outro triste da sua equipa, seria incapaz de inventar qualquer coisa que, de facto, medisse o mérito.
 
Assim, o presidente e um vice-presidente tiveram pontuação superior aos outros dois membros, onde me incluo, porque já tinham estado, anteriormente, em funções num conselho executivo (entre três e seis anos). Outro dos vice-presidentes, teve pontuação inferior à minha, porque tem um bacharelato, enquanto eu tenho uma licenciatura.
 
Chamam a isto avaliação de desempenho.
 
Eu consigo encher uma folha A4 com possíveis nomes para chamar aos artistas de circo que inventaram esta Portaria, mas, como se pode imaginar, não são nomes que se usem em público...
publicado por pedro-na-escola às 21:26
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Quarta-feira, 21 de Outubro de 2009

Mais uma do mestre das palhaçadas

Valter Lemos assinou a Portaria n.º 1317/2009 (de 21 de Outubro), estabelece um regime transitório de avaliação de desempenho dos membros das direcções executivas, comissões executivas instaladoras, directores, subdirectores e adjuntos, e directores dos centros de formação. Diz-me directamente respeito, por ter feito parte do conselho executivo da minha escola.

 
Uma autêntica palhaçada em 12 artigos. Intragável, na leitura. Intragável, no conceito.
 
A avaliação do desempenho dos docentes abrangidos pela presente portaria é efectuada mediante a ponderação do seu currículo”. Como se eu me estivesse a candidatar a um emprego.
 
Doutoramento ou mestrado corresponde a 5 pontos; Licenciatura corresponde a 4 pontos; Bacharelato corresponde a 3 pontos”. Podiam ter avisado antes, que assim eu tinha ido a correr fazer um Mestrado à pressão e já marchava mais um pontinho!
 
Mais de seis anos como membro do órgão de gestão e administração, seguidos ou interpolados, corresponde a 5 pontos”. Lá está, a mesma onda do concurso para Titulares. O tempo é que dá pontos e não o desempenho.
 
Agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas que, para além de ministrarem o ensino regular, tenham promovido, organizado e procedido à criação de cursos profissionais ou CEF, atribuição de 4 pontos”. Vá lá, 4 pontos para a malta.
 
Ter o agrupamento de escolas/escolas não agrupadas sido sujeito a avaliação externa e obtido, no domínio liderança, classificação igual ou superior a Bom, atribuição de 5 pontos”. Pronto, 5 pontos para quase toda a gente. Excepto os que não tiveram avaliação externa, que até nem sabiam que isso dava pontos na avaliação de desempenho.
 
Estou com algumas dificuldades em encontrar a parte do “desempenho” no meio disto tudo, mas, enfim.
 
É porreiro ser-se avaliado por um determinado período de tempo, sem saber com que regras e com que critérios... não é?
 
Esta portaria é uma palhaçada, com o único objectivo de remendar mais uma asneira. Saiu outra asneira, mas, convenhamos que, melhor que isto, não seria de esperar. 
publicado por pedro-na-escola às 16:58
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Sexta-feira, 16 de Outubro de 2009

Avaliada vira avaliadora e safa-se de ser avaliada

Parece que é a nova moda, na minha escola.
 
Quase dois terços dos professores querem ser avaliados segundo o actual modelo-faz-de-conta. Os que requereram avaliação por um professor da mesma área, geram uma situação deveras cómica e patética, ao bom estilo do primeiro-ministro Sócrates.
 
Exemplo. A professora A e a professora B, da mesma área, requerem ser avaliadas. A professora A, mais velha que a professora B, vai passar a avaliadora. Por tal, fica isenta de avaliação, devido à promoção.
 
Ou seja, a professora A, que pode ser uma nódoa, passa a avaliar uma colega, sem que o sistema verifique, em primeiro lugar, se ela é capaz de dar aulas em condições, se é uma pessoa isenta, se é capaz de avaliar um colega, etc. Nada disso. Passa automaticamente a avaliadora e livra-se de ser avaliada, apesar de ter pedido para ser avaliada com observação de aulas. A menção da sua avaliação, na qual deixou de entrar a observação de aulas, vai reger-se por outra quota diferente da quota da sua colega B.
 
Isto, na minha humilde opinião, não tem ponta por onde se pegue. É um perfeito disparate, da cabeça aos pés!
 
Infelizmente, este é um país onde reina a pobreza de espírito, pelo que o povo achou que assim é o máximo, ter gente que impõe disparates destes à frente de um Governo, e toca a votar outra vez no homem.
 
Só que, este não é um caso único. Na verdade, está a tornar-se moda na minha escola.
publicado por pedro-na-escola às 22:02
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Quarta-feira, 7 de Outubro de 2009

Comodismo ou conformismo?

Com o início do ano lectivo, começa-se a apalpar o pulso à postura dos colegas quanto à situação em que caímos com as alterações profundas ao ECD e com a palhaçada do modelo-faz-de-conta de avaliação do desempenho.
 
Com o fim do ano lectivo passado, confirmou-se o “trepar ao coqueiro” de vários professores, aproveitando-se da renúncia da maioria em alinhar com a farsa da avaliação. Como disse um Director de uma escola, “é preciso fazer uma grande ginástica para não se ter Muito Bom ou Excelente”. Assim aconteceu com professores de qualidades duvidosas, que jamais teriam tais menções se todos os outros professores “concorressem” também.
 
Talvez por causa disso, ou talvez por comodismo ou conformismo, sabe-se lá, há muitos professores que iniciam o ano lectivo alinhando no pedido de aulas assistidas. Ninguém lhes garante que o observador das suas aulas também sabe dar aulas, ou que sabe ser isento e correcto numa pseudo-avaliação onde tem prevalência em caso de divergência, mas, ainda assim, submetem-se.
 
Em sussurro, comenta-se pelos corredores a possibilidade de haver uma revogação de toda esta palhaçada, mas parece haver pouca convicção nos comentários.
 
Estou em crer que já há muita gente ansiosa pela continuidade do actual ECD e de tudo o que isso envolve. Em especial entre os professores titulares, que sabem perfeitamente que esta foi uma oportunidade única (por ter sido irracional) de se posicionarem na mó de cima, uma elite cujo único sinal de elitismo, digno desse nome, é a ausência de um bloqueio no acréscimo de vencimento em função do monótono passar do tempo. São uma elite, sem o serem de facto, porque ganharão mais do que a maioria, porque terão um poder manipulador, e, também, porque se escapam a ser avaliados como os outros!
 
Os que ainda não são titulares, mas vêem esse “coqueiro” a três passos de caminho, correm a preparar-se para a prova pública, antes que se faça tarde, não vá algum maluco cair do céu e lembrar-se de exigir critérios realmente sérios e rigorosos para se ascender à categoria de professor titular...
 
A verdade é que aquela pseudo-união da classe docente, que culminou em gigantescas manifestações e greves com adesões invulgares, não passou disso mesmo: uma pseuso-união. A verdade é que, por força dos escalões de progressão que condicionam o recheio da nossa conta bancária, seremos eternamente desunidos, egoístas e oportunistas. A verdade é que, qual cenoura na frente do burro, o acenar de mais um escalão de vencimento para os que menos precisam (é mentira?) teve o efeito desejado.
 
Há dias em que me apetece vomitar e este é um deles.
publicado por pedro-na-escola às 23:00
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Quinta-feira, 1 de Outubro de 2009

Avaliação feita por entidades externas

O colega Carlos Santos, do blog “O valor das ideias” que passou por aqui um dia destes, deixou o desafio para eu, como colega e democrata, dizer o que penso sobre o modelo de avaliação proposto pelo Francisco Louça. Começo pelo post dele sobre o assunto:
 
Cai a máscara do BE como defensor dos professores!
Há minutos, fora do pregão do culto que tanto o caracteriza, perante as câmaras de televisão e depois de acossado com a pergunta, de Louçã lá veio a resposta fatal.
"O BE defende uma avaliação de professores formulada por entidades externas, por institutos".
Finalmente caiu a máscara ao líder do BE. Os professores ficam agora a saber que o dr Louçã não defende a auto-avaliação como os professores e as suas associações de classe pretendem. O dr Louçã defende o essencial do modelo do PSD, uma avaliação externa à escola, feita por entidades contratadas para o efeito. Estou certo que este é o último modelo de avaliação que os professores podem vir a querer. Outsourcing, nunca, é o que sempre tenho ouvido dos professores.
Mas ainda é tempo das organizações sindicais se pronunciarem sobre esta proposta de Louçã. Se o interesse e o esclarecimento dos professores valer, claro está, mais que o interesse partidário das organizações políticas em que alguns militam.
http://ovalordasideias.blogspot.com em 25 de Setembro de 2009
 
Uma coisa, é uma ideia que se defende. Outra coisa, é a forma como se traduz essa ideia num diploma e como depois se operacionaliza. Sócrates foi pródigo em propagandear uma ideia e depois legislar com base noutra ideia não tão nobre. Pelo menos, na Educação.
 
A única experiência que tenho sobre avaliação feita por entidades externas foi quando tive, na minha escola, uma equipa de Avaliação Externa do Ministério da Educação. A maior parte dos meus colegas andou semanas a fio com o estômago embrulhado, atormentados com o pesadelo da presença de inspectores na escola, a bisbilhotarem os cantinhos todos e a desenterrarem todos os defeitos possíveis e imaginários. Pela minha parte, andava ansioso por ver como seria, feito ingénuo, crendo que a equipa viria com boas intenções, numa perspectiva pedagógica e sem intenções de “malhar” na malta. Sei que, num grande número de escolas, montou-se um autêntico circo para acolher os inspectores, com dezenas de reuniões preparatórias para forçar uma linguagem comum e minimamente coerente que fizesse um brilharete. Na minha escola, optou-se por fazer a coisa a cru, sem qualquer espécie de preparação. Arriscado, portanto.
 
A equipa (dois inspectores e um professor universitário) veio, afinal, mesmo com uma atitude pedagógica. Tinham o seu “caderno de encargos” bem definido, fizeram as perguntas todas que tinham para fazer, ouviram quem quiseram, e até fizemos o favor de lhes atirar daqueles alunos de levar as mãos à cabeça. Foram impecáveis, alertaram-nos para uma série de pormenores, apontaram faróis em determinadas direcções (conforme as orientações que tinham) e deram-nos conselhos interessantíssimos. Pela parte que me toca, adorei a experiência.
 
Esta foi uma avaliação externa, sim, mas tutelada pela Inspecção Geral da Educação. A ideia, a bem dizer, era avaliar o serviço que a escola presta à sociedade. Não vi que houvesse qualquer outro motivo obscuro a assistir àquela intervenção da IGE. A partir do relatório final, fizemos um plano de melhoria que nos levasse, numa nova avaliação externa, a ter melhores resultados.
 
À partida, não vejo que haja algum problema em as escolas serem avaliadas por uma entidade externa. Partindo do princípio, portanto, que essa entidade tenha regras claras e transparentes, e não seja orientada por motivações obscuras. Sócrates era menino para, numa coisa destas, lançar mais uma patetice, do tipo exigir que só haja X por cento de escolas com Muito Bom na avaliação, ou que o resultado dessa avaliação possa influenciar os gastos com as remunerações dos docentes. A ideia não é dele, mas como a patetice está na moda… nunca se sabe…
 
Mas, isto foi uma avaliação da escola, enquanto entidade, e não dos professores individualmente. Aqui, tenho muitas reservas, e tanto faz ser uma entidade interna como externa. É que, avaliar professores, é uma tarefa extremamente complexa e subjectiva.
 
O que é um bom professor? O que é um professor muito bom? O que é uma boa aula? A entidade que avalia pode ter um padrão de aula que acha que é o ideal, mas não há um modelo de aula ideal. Cada turma é diferente, os alunos são diferentes, e os professores procuram adaptar-se a essa diversidade. Como é que uma entidade externa vai avaliar os professores, indivíduo a indivíduo? Através de pilhas de papel “relevadoras”? Que formação tiveram as pessoas que vão às escolas avaliar? Vão aceitar como credíveis e relevadoras duas ou três aulas a que assistem? Terão sensibilidade para saber a diferença entre uma aula com uma turma do currículo regular e outra com uma turma de currículo alternativo ou CEF? Tentarão “atacar” cegamente pelas estatísticas?
 
De uma forma resumida, eu diria que vejo com bons olhos uma avaliação externa à escola, mas tenho muitas reservas sobre a presença de alguém na minha sala de aula, a avaliar-me, porque esse alguém pode não fazer a mínima ideia do que é dar aulas a uma turma em determinado grau de ensino, ou, mesmo sabendo, pode ter a mania convicta que a sua forma de dar aulas é a melhor, a única e a ideal.
 
Infelizmente, falar vagamente em avaliação externa é pedir uma carta branca para se inventar algo que pode ir desde um modelo bem concebido e coerente, até um profundo disparate.
publicado por pedro-na-escola às 19:00
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