Quarta-feira, 29 de Junho de 2011

Especialistas em educação

A propósito da novidade dos exames à saída do 2º e 3 ciclo, rapidamente surgiram comentários de “especialistas de educação”. É ridículo como se pode classificar alguém como “especialista” numa área que desconhece.

 

É que, a bem dizer, a educação escolar (leia-se básica e secundária) vive um conjunto de dinâmicas que só quem está no terreno é que consegue aperceber-se delas. A vida profissional passada num gabinete não é compatível com o conhecimento destas dinâmicas.

 

Que dinâmicas são estas? A forma como os pais encaram a escola e se relacionam com ela. Como os pais exercem (ou não) a sua autoridade nos filhos. Como os alunos se influenciam uns aos outros. Como os alunos se aproveitam da permissividade do sistema para escaparem ao trabalho escolar. Como os pais se descartam facilmente do insucesso dos filhos e sacodem a sua responsabilidade. Como a indisciplina prejudica as aprendizagens na sala de aula. Aliás, como a indisciplina (não necessariamente na base da “faca e alguidar”) é um facto consumado na esmagadora maioria das salas de aula em Portugal. Como os alunos (e, em muitos casos, também os pais) desprezam e evitam os apoios concedidos gratuitamente pela escola. Como os casos de insucesso são tão facilmente identificados, de forma precoce, nos primeiros anos de escolaridade, bem como os motivos que favorecem esse insucesso. E por aí fora…

 

Mais, os ditos “especialistas em educação” não conseguem, a partir dos seus gabinetes, nem sequer com base nos seus estudos, perceber o que são – na realidade – alunos com “dificuldades de aprendizagem”. Porque metem no mesmo saco o aluno inteligente, mas preguiçoso, e o aluno com capacidades cognitivas abaixo da média. Daí que, nos seus discursos, usem e abusem da referência aos alunos com “dificuldades de aprendizagem” e aos apoios que os professores deveriam dar-lhes (sugerindo simpaticamente que não dão), como se a percentagem de insucesso (por disciplina ou por retenção) correspondesse à percentagem de alunos com “dificuldades de aprendizagem”… como se Portugal fosse um país de coitadinhos…

 

publicado por pedro-na-escola às 16:39
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