"Magalhães" nas mãos do próximo Governo
O Ministério da Educação esclareceu hoje, quarta-feira, que caberá ao próximo Governo decidir se o computador Magalhães será entregue aos alunos que entraram este ano para o ensino básico.
"O que está decidido é que a decisão caberá ao novo Governo, seja ele qual for", disse, em declarações à Lusa, o secretário de Estado da Educação, sublinhando que é uma decisão que envolve despesa, mas recusando que o programa tenha sido "suspenso".
De acordo com Valter Lemos, o programa tem-se desenvolvido com "toda a normalidade", tendo sido entregues cerca de 400 mil computadores "a quase todas as crianças do ensino básico".
"Naturalmente que a nossa expectativa é a de que o próximo Governo, seja ele qual for, dê continuidade ao programa, pela importância que tem", salientou.
Segundo dados do Governo, o computador Magalhães foi entregue a 99 por cento dos mais de 400 mil alunos do ensino básico que se inscreveram no programa e.escolinhas, faltando disponibilizar o portátil a cerca de 4300 estudantes.
Fonte do Ministério da Educação esclareceu que a distribuição destes 4300 computadores não está em causa.
"As pessoas que se inscreveram no programa, já pagaram e ainda não receberam o computador irão recebê-lo", destacou.
Faz hoje um ano que o primeiro-ministro, José Sócrates, e onze elementos do Governo entregaram os primeiros três mil computadores Magalhães a crianças do primeiro ciclo, com um custo máximo de 50 euros e gratuitos para os alunos do primeiro escalão da Acção Social Escolar.
De acordo com dados do Ministério da Educação, inscreveram-se no programa no ano lectivo passado 407.701 alunos do ensino básico, tendo o computador sido entregue a 396.027 estudantes de escolas públicas e privadas do continente.
Dois comentários:
1. Não sei de quem partiu a ideia de passar esta questão para a comunicação social: se o Ministério da Educação, com objectivos óbvios, se a própria comunicação social, também com objectivos óbvios. Aliás, a notícia parece que surgiu, em primeira-mão, da Agência Lusa… de onde também partiram várias notícias sobre Educação com interesse suspeito. Digo eu, que já desconfio de muita coisa. Seja como for, esta notícia é uma clara declaração de intenção de compra de votos, com o preço a oscilar entre os 0 e os 50 euros. Aceitável e eficaz, pelos vistos, num país onde abundam os pobres de espírito que votarão PS só para os seus rebentos recebam um “Magalhães” à entrada para o 1º ano da escola. Intolerável num país civilizado, pelo meu prisma.
2. Quando participei numa daquelas famosas formações-faz-de-conta sobre o “Magalhães”, que envolveram cantorias e muito espectáculo, recordo-me bem da conversa do representante da J.P. Sá Couto, a propósito da perspectiva da empresa: “O fornecimento de 500 000 exemplares está garantido para este ano lectivo, assim como mais 160 000 para o próximo (alunos do 1º ano)”. Não faço ideia que esquemas foram montados entre o Governo e a J.P. Sá Couto, mas sei que muitas das coisas que ouvimos dizer que iam acontecer, em termos técnicos e estruturais, relativamente aos “Magalhães”, não aconteceram.