Só depois de estarmos metidos nas coisas, é que nos apercebemos do seu bom ou mau funcionamento. Pessoalmente, tenho uma visão da contratação de escola do ponto de vista da gestão de uma escola.
Consta que, para os colegas contratados, não tem sido nada fácil, tem-lhes trazido muito stress, e tem sido uma sucessão de tiros completamente no escuro. A falta de transparência nos processos de colocação através da bolsa de recrutamento, salta para a forma como se processam as contratações de escola. Digo eu. Algo semelhante a uma roleta russa, na balbúrdia e confusão de horários e candidatos, Uns a aceitarem, outros a recusarem, outros ainda a ver se a desistência de alguns podem abonar em seu favor. Acho que nunca vi um recrutamento de professores com um tão elevado grau de imprevisibilidade. Nunca vi ser tão grande a probabilidade de um professor bem colocado numa lista de graduação nacional poder ficar muito “pior colocado” que um outro bem mais abaixo na lista. Tipo jogo de sorte e azar.
Do ponto de vista da gestão, já estou um bocadinho farto de brincar às contratações de escola. Lança-se um horário, reúnem-se dezenas de candidaturas, analisam-se os currículos, ordenam-se os candidatos e começa o jogo do gato e do rato. Selecciona-se o candidato A, que no dia seguinte recusa o horário. Começa-se a telefonar um a um. Selecciona-se o B, na esperança, mas também recusa. O C diz que talvez, mas está à espera de ver o que acontece na escola X, para onde também concorreu, e no dia seguinte não aceita. Vamos ao D que já está colocado noutra escola, assim como o E e o F. Passa uma semana. O candidato G tem o telefone inactivo. Mais dois dias até podermos seleccionar o H. Mas isto é um circo, ou quê?
É óbvio que os professores procuram encontrar o melhor horário e isso merece todo o respeito. O sistema é que está mal feito! Pode funcionar noutros países, acredito que sim, mas, na realidade portuguesa, é impraticável. E qual é a diferença? Presumo que a diferença esteja na quantidade abismal de candidatos que temos. Porque, a bem dizer, recrutar um professor, a meio do ano, para uma substituição, através da contratação de escola, até é um processo simples e fácil. Mas, num início do ano lectivo, já com as aulas a decorrer, com centenas de “cães ao mesmo osso”, esta opção é um tremendo disparate e não traz benefício para ninguém! Nem para os professores que concorrem, nem para as escolas que os contratam.
Na prática, gostaria que a senhora ministra da Educação me explicasse (e, já agora, ao povo) onde está a normalidade do arranque do ano lectivo, quando foi preciso um mês e uma semana para me colocarem um professor de informática na escola, em especial quando já se sabia que, há um mês e uma semana atrás, havia centenas de professores de informática prontos para concorrer!
Terá sido tudo isto propositado? Com aquele trio à frente do Ministério da Educação, é provável que valores de ordem financeira tenham pesado na montagem deste esquema todo de bolas de recrutamento e contratações de escola. Porque, e não haja dúvidas, isto foi tudo muito mal feito. A única vantagem, a meu ver, é os generosos milhares de euros que se pouparão com a contratação tardia de docentes…
E que mentes idiotas são estas que pensam que este método de recrutamento (contratação de escola) é mesmo porreirinho e bonzinho e eficaz para se generalizar a todas as contratações de professores? Serão loucos?