Domingo, 15 de Novembro de 2009
Ministério da Educação define Metas de Aprendizagem
10 de Nov de 2009
O Ministério da Educação (ME) deu início ao processo de definição das metas de aprendizagem a atingir pelos alunos em cada ciclo, bem como o seu desenvolvimento por ano de escolaridade.
Esta medida insere-se no estabelecimento de um quadro de Níveis de Referência para o Currículo Nacional, que se iniciará com a determinação das metas de aprendizagem para cada ciclo e seu desenvolvimento por ano e por disciplina ou área disciplinar, tendo em conta os padrões internacionais, a experiência portuguesa e os resultados da investigação sobre factores que determinam a eficiência dos sistemas educativos.
Destina-se a proporcionar um instrumento de orientação e controlo útil aos docentes, às famílias e aos próprios alunos, que permitirá ajustar o ensino a metas comuns e apoiar com maior segurança os diferentes percursos escolares.
A definição de Níveis de Referência para o Currículo Nacional tem vindo a ser realizada em vários países, com assinaláveis impactos na qualidade e na exigência dos sistemas educativos e com efeitos positivos nos níveis gerais dos resultados escolares.
A coordenação da equipa responsável pelo trabalho científico será assegurada por Natércio Afonso, do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
O primeiro relatório, com as linhas gerais do Quadro de Níveis de Referência para o Currículo Nacional, será entregue no prazo de um mês, devendo as metas de aprendizagem para cada ciclo e área do currículo ser definidas até ao final do ano lectivo.
A definição de metas de aprendizagem integra-se num processo de aperfeiçoamento do Currículo Nacional, no quadro do qual o ME tomará outras medidas, nomeadamente relativas à articulação e à sequencialidade das aprendizagens, à gestão da organização curricular e da carga horária das áreas disciplinares.
A par desta intervenção na área do currículo e visando proporcionar condições que permitam concentrar a actividade docente na prática pedagógica, o ME emitirá orientações destinadas a simplificar e a desburocratizar procedimentos administrativos.
Quando Maria de Lurdes Rodrigues chegou ao poder, uma das primeiras ideias brilhantes de sua alteza foi a criação dos Planos (de recuperação, de acompanhamento, de desenvolvimento) para, finalmente, melhorar a Educação. Nas escolas, se bem me lembro, levantou-se um coro de gargalhadas pela patetice da ideia, pois se um aluno não quiser aprender e os pais não se importarem que ele não aprenda, não é com falinhas mansas que se resolve o problema, e muito menos com papéis.
Agora, foi a vez de Isabel Alçada chegar ao poder e começar a brincar com a Educação, impondo esta iluminada ideia das “metas de aprendizagem”. Já se começa a ouvir um coro de gargalhadas, ou é impressão minha? Até hoje, os professores orientavam-se sem metas (?), ensinavam o que lhes dava na gana, sem a noção do que é que os seus alunos deviam saber na sua disciplina e em determinado ano de escolaridade. Aliás, o estabelecimento destas “metas” será especialmente útil nos casos de alunos que não querem aprender rigorosamente nada! Pois claro! Chegou mais uma salvadora da nação...
Preocupa-me saber que ainda mais medidas virão, já de seguida. Germinadas nos gabinetes daqueles que não sabem o que se passa dentro das paredes das escolas, dentro das cabeças dos alunos e dentro das casas das famílias, mas que se fartam de inventar, década após década, mais e mais patetices para aplicação directa no mundo que desconhecem. As “investigações” desta gente têm um padrão comum de consequências: inventam-se problemas que não existem, para os quais se encontram soluções brilhantes que, obviamente, de nada servirão para resolver os problemas reais. Geralmente, em vez de resolver, só complicam.
Quinta-feira, 5 de Novembro de 2009
Parece que o senhor primeiro-ministro considera uma “irresponsabilidade” suspender o seu modelo-faz-de-conta de avaliação dos professores. Parece que o senhor primeiro-ministro não saberia explicar aos professores que tiveram muito bom e excelente que isso ia “tudo à vida”.
Por falar em “irresponsabilidade”...
- Irresponsabilidade, é fazer crer ao país que se dividiu uma classe em duas, argumentando a intenção de criar uma elite dentro das escolas, quando, na prática, a promoção dos professores à suposta “elite” foi feita apenas com base em critérios administrativos.
- Irresponsabilidade, é promover professores à suposta “elite” das escolas, transformando-os em avaliadores, arrastando, neste processo, vários maus profissionais que deveriam ser afastados do sistema de ensino.
- Irresponsabilidade, é fazer crer ao país que há dezenas de milhar de professores já avaliados, muitos deles com Muito Bom e Excelente, quando essa avaliação não tem nada de seriedade, assim como as classificações obtidas não traduzem qualquer destaque no desempenho ou no mérito de cada um.
- Irresponsabilidade, é permitir (e elogiar) um sistema de avaliação que classifica professores perfeitamente regulares e medianos com uma pomposa menção de “Excelente”, só porque tiveram sorte na escola em que foram colocados e cumpriram com uma meia dúzia de regras patéticas que em nada revelam mérito no desempenho.
- Irresponsabilidade, é ordenar a avaliação de um misterioso “desempenho” de membros de conselhos executivos, com base em critérios curriculares e administrativos que os visados desconheciam e que em nada revelam o verdadeiro desempenho de membros de órgãos de gestão de uma instituição de serviço público.
- Irresponsabilidade, é classificar um Director com a menção de Regular, só porque lhe faltou um Mestrado e não implementou um CEF na sua escola, sem que ele alguma vez soubesse que qualquer um daqueles aspectos teria influência na sua avaliação.
- Irresponsabilidade, é oferecer computadores portáteis a crianças e jovens, com acesso livre ao mundo da pornografia, anunciando esta medida como um supostamente importante passo para o desenvolvendo do país, quando, na verdade, apenas se distribuiu brinquedos novos a troco de nada, contribuindo, obviamente, para que estas crianças e jovens tenham um motivo ainda maior para dedicarem menos tempo ao estudo em casa.
- Irresponsabilidade, é oferecer diplomas do 12º ano a troco de um grau de exigência abaixo de um 5º ano de escolaridade.
- Irresponsabilidade, é conseguir enraizar, nas crianças do 1º ciclo e respectivas famílias, que a aprendizagem do Inglês é uma brincadeira.
- Irresponsabilidade, é alargar o número de anos da escolaridade obrigatória, quando uma tão grande fatia da população jovem do país, assim como as respectivas famílias, não reconhece à Escola o papel nobre que esta tem para o futuro de um país. Não bastando o não reconhecimento, despreza por completo esse papel.
- Irresponsabilidade, é não ter uma única exigência de cumprimento de deveres, nem um único apuro de responsabilidades, para com os alunos (e respectivas famílias) que se acham no direito de não aprender e de poder prejudicar as aprendizagens dos outros, e com quem o Estado esbanja anualmente milhares de euros.